…Fugir…
…Às vezes esta é a melhor forma de prosseguir…
… Alguns atos da vida, que parecem que não levarão a nada, podem fazer tudo mudar.
Elas correram…
………andaram…
…………até choraram…
……………mas pararam…
Catherine, após a sua fuga entra em um bar. Um bar parecido com muitos outros. Mesas, cadeiras. Um balcão, onde fica o barman. Garçons e garçonetes servindo os clientes de uma noite fria. Tocava uma música ao fundo, mas ninguém prestava atenção. Muito menos Cat.
Ela vai até o balcão e pede ao rapaz um cowboy. Precisava de uma bebida forte para acalmar e pensar naquele horror, que acabara de presenciar. Já havia ficado com outras mulheres casadas. Catherine sempre foi o terror dos homens casados. E de algumas mulheres também. Ela tinha cheiro de amante. O que era de estranhar é o fato que ela não escolhia as suas mulheres pelo anel no dedo esquerdo. Era o último lugar do corpo feminino que ela prestava atenção. Aliás, ela nem prestava atenção. A conversa geralmente era mínima. Só quando estava realmente com vontade de conquistar a garota. Falava algumas coisas. Alguns elogios. Fazia-se de tímida. Sorria.
Ah! O que deve ser ressaltado é o sorriso de Catherine. Um sorriso lindo, que fazia inveja ao sol de tanto brilho. Dentes perfeitos e brancos. E o jeito dela sorrir. Meio que de canto de boca, junto com um olhar debochado. Como quisesse dizer que não há como fugir daquela tentação, que ela é. Quando ela chegava a uma boate (tanto para trabalhar ou para apenas se divertir) as pessoas prestavam muita atenção nela. O seu porte, jeito de andar firme. Os seus olhos que procuram alguma coisa. Geralmente alguém para flertar. Sua casa é a mais visitada pelo o público feminino em toda a cidade.
Ela fazia questão de morar em um bairro bonito, com praia. Não que ela fosse amante de praia. Pela cor da pele dela, via-se que era raro ela ficar debaixo do sol. Era branca. Mas, ela que cresceu e viveu quase a vida toda na Zona Norte, estar agora lá, é uma conquista. Ainda mais para uma moça que não terminara a faculdade de arquitetura e resolveu viver de sua paixão: Música. Ela dava aulas de violão, guitarra, canto e teclado. E tocava em boates e bares. Bares como este que ela se encontra agora. Com o seu violão e uma mochila. Um bar.
Catherine pede mais uma dose. Fazia não com a cabeça sem dizer nada. Não conseguia falar muita coisa. Estava assustada. Preocupada.
“O que será que aconteceu lá?”, era este o único pensamento dela.
Pensar. Era a única coisa que ela podia fazer agora. Queria ter coragem para voltar para ver qual é a realidade. O que realmente acontecera. Uma mulher linda, inteligente, de personalidade forte e uma fera na cama. “Como uma pessoa assim poderia morrer? E por que aquele corno apareceu lá? Será que alguém o avisou? Nem todas as pessoas do mundo estão preparadas para compreender a traição, muito menos se for entre duas pessoas do mesmo sexo.” Assim, ela continuava a pensar.
- Mais uma dose, garçom.
***
Alicia
Ela andara sem saber ao certo para onde ia.
Chorava.
Queria entender o que aconteceu. Sua namorada voltou para o ex. Ela namorou uma bissexual? Uma heterossexual que queria experimentar? Mas demorou oito meses para descobrir, que não era aquilo que queria?
Ela andava. Até que cansou. Precisava parar em algum lugar. Viu um bar e entrou. Sentou em uma das mesas vazias. Havia mais mesas vazias do que de costume. Estava fazendo muito frio e a lei seca afastou um pouco a clientela. Ficou sentada olhando para baixo. Parecia fora deste mundo. O garçom, que foi a atender, precisou tocar em seu ombro para que ela notasse a existência dele. Para ela o mundo se resumia a sua dor. Pediu uma água tônica para aquele homem de cavanhaque e que segurava um bloco de papel, caneta e um cardápio. Pouco tempo depois ele trouxera a água e servia em um copo com limão e gelo.
Àquela água descia quente pela sua garganta, apesar do gelo. Como se tudo estivesse difícil de engolir. A vida estava difícil a partir daquela noite. Uns momentos antes do frio “acabou” de Vanessa, a sua vida estava do jeito que ela imaginara. Tinha a mulher que amava, fazia faculdade do que sempre gostou e trabalhava com a sua arte. Quem nunca quis viver do que ama? Ela conseguia. Tinha uma loja com a mãe de artigos de artes. E ela estava vendendo muito dos quadros e esculturas que ela fazia. Um dia, quando foi visitar a filha, a mãe de Alicia viu a escultura de Vanessa e falou para a moça fazer cópias, pois estava linda. Vendeu como água no deserto. A principio tinha feito cinco cópias, não acreditava que venderia. Teve que fazer mais quarenta em dois meses. E depois continuou tendo que produzir. Além dos quadros, que enfeitavam não só as paredes da casa de sua mãe, Vanessa e, lógico, a sua. Mas, muitas pessoas, de vários lugares da cidade, estavam comprando e tendo suas paredes nuas com um toque colorido e belo de Alicia.
Ela estava se preparando para comprar um apartamento e sair do aluguel. Pensava em morar com Vanessa. Ter um cachorro. Alicia era a pessoa mais feliz do mundo.
Era.
Agora era apenas mais uma alma vazia vagando pelo mundo.
A tristeza não queria passar.
***
Bruna
Para aonde ia? Era o que menos pensava. Aliás, não queria saber se estava em seu bairro, ou em Marte. Lugar era o de menos. Para que saber aonde ia, se ela tinha em seus pensamentos que não poderia voltar? Sentia-se sem lar. Sem teto. Sem chão. Não tinha com quem contar naquele momento. Não podia nem falar com seus pais. Eles não sabiam que a amiga de infância de sua filha, que dormia em sua casa, na mesma cama, de verdade era a namorada da menininha. Nunca passou pela cabeça deles ter uma filha homossexual.
Bruna tem um irmão mais novo, Denis. Ele sabia da história da irmã com a Cássia. Um dia as viu se beijando. Levou um susto, mas gostou. Conversou com a irmã e prometeu que faria aquele o segredo fraternal. E assim permaneceu. Sempre ajudou a irmã a se encontrar com a namorada. Dava recados. Levava bilhetes.
Podia ligar para o irmão e perguntar se Ligia ou Cássia esteve lá?
Bruna não gostava de celular. Tinha um, mas vivia esquecendo em casa. Ou melhor, dizia que esquecia. De verdade ela nunca gostou do fato de poder ser localizada em qualquer lugar. Gosta da liberdade de andar sem destino. Sem que alguém ligue para tirar ela de seu momento eu comigo mesma.
Mas agora suas lágrimas escorriam pelo rosto na mesma velocidade que seus pés caminhavam.
Estava decepcionada. Com raiva e triste. Com nojo e amor. Sim, amor. A dor dela era pelo amor que sentia pelas duas. Quando você ama a dor é ainda maior. É como se este nobre sentimento a elevasse aos céus e agora estava abaixo da terra, em seu inferno.
Entrou em um bar. Olhou em volta. Nunca estivera ali. Não conhecia aquele bar, mas hoje ela não queria estar em nenhum lugar conhecido. Não conseguia sentir medo. Nada de mal podia acontecer com ela, não depois de ser traída duplamente. A traição era um veneno que tomara seu coração.
- Uma cuba, por favor.
Sentou-se à mesa e desabou.
***
Monise
Seu jeito triste contrastava com a sua dureza de andar. Estava com raiva. Raiva daquelas pessoas que morrem, das pessoas que matam. Das pessoas que explodem. Das pessoas que choram em falso. Raiva de quem destrói e constrói. Raiva dos pais que não a entende. Raiva dos que sente fome. Raiva de quem maltrata crianças e animais. Raiva da moda. Raiva do certo. Raiva do errado. Raiva dos psicólogos que tentavam dizer que o mundo não é tão ruim. Raiva. Apenas raiva. Que já seria tudo.
Seus olhos faziam qualquer pessoa sair de perto. Tudo que passava dentro dela dava para sentir de longe.
Todo seu corpo exalava um estranho sentimento de ódio. O que causa medo.
Monise é filha única. Neta única. E nem pode ser sobrinha única, pois ela não tinha tios. Era única. O que a ajudava a se sentir mais sozinha.
Tinha um grande amigo. Fred. Amigo de escola e de skate. Os dois iam andar juntos. Estudavam juntos. Faziam tudo junto. Onde um estava com certeza encontraria o outro. Era como se fossem irmãos. Fred ajudou Monise a ficar com a primeira garota. Era prima dele. Conversou. Explicou. E convenceu que seria bom para as duas. E com catorze anos, Monise ficou com a primeira garota de sua vida. E continuou a ficar com outras. Sempre com ajuda de Fred. Até que, sei meses depois daquele beijo, ela entrou em depressão. Não contou nada para Fred. Ele tentou ajuda-la. Dormia em sua casa para conversar com ela. Levou a sua prima lá, em certa noite. Mas nada. O mundo tinha acabado para Monise. E assim acabou o maior caso de amor entre uma mulher e um homem. Fred foi com os pais para os Estados Unidos. Eles nunca mais se viram.
Agora ela não estava pensando em Fred. De verdade, nem no mundo e em suas pessoas. Apenas tinha raiva. Mas estava ficando cansada de andar. Entrou em um bar. Queria fumar. Beber. Esquecer.
Entrou em um bar. Pediu uma vodka. Pegou um cigarro e começou a fumar ali. O garçom perguntou a sua idade. Ela mostrou a identidade que mostrava que ela era maior de idade. Era documento falso.
***
Luciana
Sua alegria contaminava o ambiente. Nem ligava para seus pais, muito menos para Gustavo. Ele era apenas um bom menino, que conhecia os pais dela. Um rapaz com um corpo bem trabalhado, que se vestia muito bem e atendia todas as suas vontades. Um garoto tolo, que não enxergava a namorada. Apenas queria namorar uma garota bonita, talentosa e que chamava atenção de todos os outros garotos da escola.
Ela não andava. Saltitava. Para ela pouco importava a hora. O importante é o que ela tinha feito: beijar a professora Julia. E quem não queria beijar aquela professora. Muitos alunos dela já havia se apaixonado. Recebia várias flores em casa. Onde ela passava, ali tinha alguém a ponto de se apaixonar por aquelas curvas, boca e olhares. Mas o corpo dela não era o principal (ou era?). Além de ser linda, era divertida, inteligente, alegre, atenciosa. Era tudo que qualquer pessoa sonhara. É a mulher dos sonhos de Luciana.
Esse não tinha sido o seu primeiro beijo em uma pessoa do mesmo sexo. Antes de namorar Gustavo ela tinha ficado com uma menina do colégio. Além de ter ficado com seus primos e primas. Sempre gostou de brincar de médico. Mas era primeira vez que beijava uma mulher de verdade. Era a primeira vez que ela sentia aqueles arrepios, aquele frio na barriga e vontade de tomar aquele corpo para si. E o beijo foi como estivesse com uma parte de tudo aquilo para ela. A vida dela era boa por isso. Ela tinha perto dela a Julia. E agora tinha o gosto da boca da querida professora em sua boca.
Sua felicidade não a deixava cansar, mas queria beber alguma coisa. Estava com sede de tanto falar pela rua que é feliz. Que ama o mundo. Que ama a Julia. Aliás, ela queria a Julia.
Entrou em um bar. Um bar normal, como qualquer outro. Chegou até o balcão e pediu um suco de acerola. Não tomava bebida alcoólica. Ela era atleta, não queria prejudicar o seu corpo e a sua saúde com algo que ela nem apreciava tanto.
Olhou para o balcão e viu uma mulher batendo a cabeça no mesmo. Era Catherine.
***
O encontro
Luciana achou aquela atitude estranha. O que faria uma pessoa se ferir daquele jeito tão estúpido, no meio da rua. No meio do bar. Resolveu prestar atenção naquela garota que aparentava ser mais velha que ela. Percebeu que ela dizia baixinho alguma coisa, mas não entendia. E viu a mesma pedir mais um cowboy. Aproximou-se para tentar entender. E a ouviu dizer:
- Ela morreu. Só pode ter morrido. Por minha culpa. Quem manda comer mulher casada. A culpa é minha. A morte desta mulher só pode ser minha. Que desperdício. Que corpo.
- Oi. Desculpa, mas não consegui deixar de prestar atenção em você. Está com problema, ou você tem algum problema psiquiátrico?
Catherine a olhou. Alguém havia falado com ela? E não foi “vamos dar umazinha, gata”. Ela falou brincando ou falou sério sobre o problema psiquiátrico? É estranho alguém se dirigir a uma outra pessoa daquele jeito dentro de um bar. Ainda mais quando é uma pessoa desconhecida.
Luciana olha para as mesas e repara em três garotas que estavam, cada qual, em uma mesa, sozinha. Notou a solidão e tristeza das moças. Ela olha de volta para Catherine, sorri e fala:
- Será que hoje é o dia das meninas tristes e sozinhas e não me falaram nada?
O que essas garotas têm? Presta atenção nelas, colega. Duas chorando e uma com uma cara que acabou de sair de um enterro. Todas sozinhas. Será que são problemas com a família? Sei lá. Foram expulsas de casa? Ou estão devendo dinheiro para traficantes? Os amigos resolveram virar a cara? Ou será que é algo ligado ao amor?…um namorando ou uma…
- Namorada?… - responde Catherine, já sorrindo e achando graça o jeito de falar daquela mocinha que tomava suco de acerola. Como alguém podia ser tão alegre e estar ali naquele lugar, onde só tinha pessoas tristes?
Elas se olharam. Deram um sorriso. Foi uma identificação quase que de imediata. A diferença de idade era visível, mas Catherine estava gostando de estar em companhia de uma menina tão nova.
- Oi, meu nome é Luciana. E você?
- Meu nome é Catherine. O que você faz aqui? Sozinha?
- Queria curtir a minha felicidade longe dos meus pais e do meu namorado, ou ex-namorado. Do jeito que ele ficou, deve ser ex, nesse momento. Mas e você?
Catherine tira o sorriso do rosto, passa a mão no cabelo e fala:
- É uma longa estória. Prefiro não dizer agora.
Luciana olha de novo as outras três moças e através de gestos mostra as mesmas para aquela mulher jovem e sedutora. E se fez entender que seria bom elas irem conversar. Um bom papo pode ajudar qualquer problema.
Elas saíram do balcão e se aproximaram de Bruna. Ela olhou as duas como se elas não existissem. Catherine puxou uma cadeira, virou ela de costas e sentou bem ao lado daquela menina triste. E resolveu ela mesma dizer alguma coisa. Olhou para Luciana, deu um sorriso encantador, virou para Bruna e disse:
- Eu não acredito que uma moça tão bonita está chorando. Esse é o maior absurdo do mundo. Você tinha que está sorrindo. Tanta gente feia, sem dente é feliz. Por que você não seria?
Bruna parou de chorar. Olhou admiradamente para aquela mulher, que, praticamente, sussurrou palavras gentis ao seu ouvido. Não escutava coisas do tipo há muito tempo. Nem Cássia tinha feito tantos elogios nos últimos tempos. Aquelas palavras, ditas por uma bela voz havia despertado algo bom nela. Uma vontade de parar de chorar. Mas ainda estava triste.
Luciana resolveu fazer algo parecido com a outra menina triste do bar. A garota que havia ignorado o mundo a sua volta, para pensar na falta que Vanessa fazia. A tristeza imensa que fazia a falta de Vanessa. Aquela saudade parecia que seria eterna. Luciana chegou perto, levantou a garota e perguntou:
- Você está escutando esta música?
- Que música? – respondeu chorosamente a tal dama.
- É uma música linda. Eu a adoro.
Tocava Love, love, love de The Organ. Luciana, contra a vontade de Alicia começou a dançar com ela. Forçou tanto, que a artista plástica cedeu. Dançaram, como loucas, naquele bar. Já passara da meia noite. Estava frio. E elas dançavam uma música de uma banda canadense. E na hora que acabou aquela canção, e Alicia ia se sentar de novo, para tomar a sua água tônica, Luciana a puxou para sentar junto de Cat e Bruna.
Ficou em uma só mesa quatro desconhecidas, que tentavam se conhecer. Mas Luciana não estava satisfeita com aquelas quatro naquela mesa. Duas ainda estavam tristes e ainda tinha uma menina sozinha.
Luciana novamente levantou e foi até a mesa daquela solitária. Puxou a garota pela mão. Ela reagiu de forma grosseira e fez como se fosse empurrar Luciana. Luciana a olhou com um ar de má. E falou:
- Você vem comigo, se não vou te comer. – e depois disso deu uma risada.
As meninas da outra mesa, vendo a cena, começaram a rir. Aquele ar de tristeza parecia estar acabando.
Monise, não com medo de ser comida por Luciana, mas por ter cansado de ficar sozinha, resolveu sentar com aquelas estranhas. O que podia perder? Ela não acreditava no ser humano, aquilo não mudaria seus pensamentos.
Lu: - Eu vim aqui, pois cansei de ser feliz e as pessoas quererem que eu seja chata. Eu desejo muito uma professora minha. Faz tempo. Ela é linda, gostosa, nova. Tem só vinte e cinco anos. É inteligente, amiga. Tudo de bom. E hoje, consegui beijar ela. Mas chego na minha casa e meu pais brigam comigo por causa daquele mala do Gustavo.
Bruna: - Quem é Gustavo? Seu irmão?
Lu: - Gustavo é meu namorado. Eu gosto dele, mas ele é meio paradão. Sei lá… Acho que não vai dar certo. Somos muito diferentes.
Alicia: - Não vai dar certo, porque você é lésbica e não porque ele é diferente de você.
Cat: - Pelo contrário. Vocês têm muita coisa em comum.
As meninas dão um sorriso. Gostam do jeito elétrico de Luciana e o jeito quase debochado de Catherine.
Alicia respira fundo e resolve contar o que aconteceu com ela. Mas não fala com um ar triste, mas fala com raiva. A raiva das mulheres traídas.
Alicia: - Minha namorada voltou para o ex-namorado dela.
Cat: - Como assim? O que ela quer da vida? Uma hora está com uma mulher, que é tudo de bom. Se Deus fez algo melhor do que mulher, eu ainda não descobri o que é. E depois volta para um ex-namorado? Tem duas coisas ruins aí. Um, ele é homem. Outra, ele é ex. Ex é peça de museu. Não serve pra nada.
Alicia: - Pior, que ela me traiu. Ficou com ele uma semana inteira em Friburgo. E depois vem dizer que gosta de mim, mas ainda ama o cara.
Lu: - Ama nada. Deve ser medo de enfrentar a família. Nem todos estão preparados para sair de casa e viver com uma mulher.
Monise: - O mundo está cheio de gente covarde.
Lu: - Pois é. Concordo com você. Pessoas como a ex dessa garota aí e como o meu namorado.
Bruna olha ao redor e acredita que agora era o momento dela. Sentia-se em uma espécie de Alcoólicos Anônimos. Cada um conta o que aconteceu e parecia se sentir um pouco aliviada. E ela se sentiu melhor ao ver que Alicia também tinha sido traída. Falou um pouco constrangida.
Bruna: - Peguei a minha melhor amiga e minha namorada se beijando, se agarrando. Praticamente, transando, na escada do prédio onde moramos. Muita gente viu aquela cena e elas não paravam. Pareciam duas tardas. E são duas tardas. Duas safadas que se roçavam uma no corpo da outra. A boca delas estava quase roxa de tanto beijar. Eu ainda vi as mãos entre o corpo uma da outra. As calças das duas estavam abertas. Nem esperei que falassem nada. Peguei e saí. E vim parar aqui.
Monise: - Cretinas.
Alicia escuta aquilo tudo achando horrível. Mas acha a sua dor a pior. E resolve falar com aquela moça.
Alicia: - Que horrível. Mas acho que perder a namorada para um homem pior.
Bruna: - Pior? Eu peguei a minha namorada com a minha melhor amiga. Se agarrando.
Alicia: - Eu vi a Vanessa beijando o João Pedro.
Bruna: - Mas João Pedro não é nada seu. Aquela desgraçada da Ligia era minha amiga. Eu namorava a Cássia desde que eu tinha catorze anos. Foi a minha única mulher.
Alicia: - Mas imagina. Mesmo que eles terminem e ela resolva voltar para mim, como vou beijar uma boca que beijou outro homem. Que fez sexo oral com um homem. Só em pensar tenho náuseas.
Bruna: - Mas você já havia aceitado isso. Ela não é ex dele? Ou era ex? Enfim. Não era?
Alicia: - Sim. E o que isso muda?
Bruna: - Você já beijava uma boca que beijou um…
Cat: - Parou!
Monise: - Eu não acredito que vocês estão brigando para ver quem é a mais corna.
Catherine não acreditava no que acabara de ouvir. Aquela discussão não tinha fundamento. Resolveu parar aquilo. E resolveu contar a sua história.
Cat: - Eu fiquei com uma mulher casada. E eu acho que o marido dela a matou.
Lu: - Como você acha? Você não foi lá ver?
Cat: - Ele me expulsou de lá. Estava armado. Eu corri e depois escutei um barulho de tiro. Não tive coragem de voltar. Queria, mas não consegui.
Lu: - E se ele tiver dado um tiro pra cima? Ou atirado nele mesmo? Ela pode está viva.
Cat: - Pode. Mas não quero saber de nada não. Eu pareço imã de mulher comprometida. Só me aparece mulher casada, noiva ou que esteja namorando.
Lu: - O que você faz quando descobre que elas são comprometidas?
Cat: - Levo-as pra minha casa. Elas vão trair mesmo. Que pelo menos seja escondido e na minha cama.
Luciana riu e olhou para Monise. Sentia que aquela menina tinha alguma coisa séria. Alicia a interrompeu estavam lá conversando coisas sérias e ninguém sabia o nome uma da outra. E resolveu se apresentar.
Alicia: - Meu nome é Alicia.
Cat: - Eu acho bom nos apresentar. Meu nome é Catherine.
Lu: - Eu sou a Luciana.
Bruna: - Bruna.
Monise não fala nada. Fica quieta de braços cruzados e com as pernas também cruzadas de forma que parecia que em breve se jogaria ao chão. Posição esta que permaneceu desde que sentara naquela mesa. Todas a olham. Esperam que ela diga o seu nome. A menina cansa daqueles olhares e diz se levantando.
Monise: - Eu me chamo Monise. E agora eu vou embora.
Lu: - Gata, não vai me dar nem seu telefone? Vou sentir a sua falta.
Monise: - Aqui o número do meu celular.
Cat: - Já está tarde. Não quer que vamos com você?
Monise: - Não precisa.
Alicia: - Eu não sei vocês, mas eu não vou a deixar ir embora sozinha. Chegamos sozinhas, mas agora somos um grupo. Não somos?
Cat: - Somos. Estamos unidas. Na cornice, ou na safadeza.
Bruna levanta o seu copo e faz como fosse um brinde e diz:
Bruna: - Pelo amor e pela dor. Estamos juntas.
Lu: - Um brinde a nós.
Monise: - Ok! Agora eu vou embora.
Lu: - Vamos todas juntas.
Todas se levantam, pagam a conta e vão embora juntas. Estava tarde. E resolvem pegar um táxi. Assim uma a uma foram ficando em suas casas e deixando telefone e e-mail com as demais. Resolveram que iriam se encontrar.
São cinco garotas. Cinco mulheres. Cinco problemas. E uma solução. Tentar ser feliz.
4 comentários:
Driii!
q saudades de ler sua novelaaa...
=D
pena q é semanal... podia ser como antess...
=P
Bjuuu
mas sempre foi semanal. eu escrevia um capitulo por semana
mais um cap. lido. ansiosa pelo proximo andy!!! sucesso sempre !! e estamos aii .=*
Eu ia ler o segundo só amanhã mas se acha mesmo que eu resisti? que nada acabei de ler o segundo capitulo =)
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