Catherine
Ficou ali sozinha com o gosto do beijo, não dado, na boca. Um gosto de vazio, como tivesse comido isopor. Pela primeira vez não beijara uma mulher que desejou. Pela primeira vez ela passou uma tarde inteira com alguém que não acabou em sua cama. Um sentimento de frustração que dói no orgulho.
- Aquele telefone tinha que tocar justo naquela hora.
Não sabia o que fazer agora. A sensação parecia que não ia embora. Seria só mais uma noite de sexo intenso e adeus. Como sempre. Agora ter que tentar levar a moça até a sua casa, preparar o clima para levar a menina dos olhos verdes para a cama. Só de pensar cansa. Sexo não é pensamento é ato. É ação. Amor, conquista, esses sim tem que pensar em cada passo que você vai dar. Se deve dar flores, bombons ou levar para dançar. E quando o alvo de sua conquista é uma mulher é ainda mais complicado.
Mulheres falam muito. Mas não que tenham que realmente dizer tudo aquilo. Boa parte são apenas pensamentos. Por isso, se você realmente que conquistar uma mulher, deve prestar atenção no que ela fala. Mesmo que quando a sua vontade é de ver televisão. E tenha certeza, que mesmo dando toda a atenção, para tentar conhecer seus pensamentos, você terá que adivinhar mais um monte de coisas para, que, de fato, você faça a sua mulher feliz e sempre conquistada.
De verdade ela não queria conquistar Alicia. Por que conquistar uma mulher? Por que conquistar aquela mulher, se ela poderia ter qualquer outra? Mas ela queria aquela. Queria ter a Alicia. Não passou uma tarde de sábado inteira conversando com a menina e a irmã, sem conhecer direito nenhuma das duas, para depois ficar sem o que queria.
- Eu vou ter a Alicia, nem que seja a última mulher que eu conquiste em minha vida.
Resolveu sair dali. Vestiu uma camisa de manga comprida preta e foi até uma padaria. Tinha que comer algo. Tinha que digerir tudo. As suas vontades e frustrações. Tinha que engolir a falta de beijo de Alicia e ainda a morte de Carla. Sim, Carla ainda lhe aparecia como um pesadelo eterno. Foi na noite passada que tudo aconteceu. Morte de Carla, o primeiro encontro com Alicia, sexo casual com Priscila. Às vezes uma noite tem o tamanho de uma vida. E aquela tarde veio para mexer com ela.
- Aí, amigo, vê um suco de laranja e um queijo quente.
Cada pedaço de sanduíche e gole daquele suco sem gelo era um pouco de Carla e Alicia que iam para dentro de seu estomago, a fim de ser digeridos e expelidos. A morte de uma mulher daquele jeito não é algo fácil de levar a digestão. Um fora de alguém que se deseja é complicado para o orgulho. Não foi um fora real. Mas ela poderia ter levado mais uma para a sua cama e não levou. Nunca lhe aconteceu isso. Aquela sensação de vazio. É como se fosse uma criança que ao chegar perto de colocar um doce na boca, este lhe é tomado. O ruim não é ficar sem o doce, mas não ter provado dele.
- Amigo, tem vodka?
Não, não tinha vodka. A bebida do esquecimento. Quem nunca, depois de um porre de vodka, não teve dificuldade de lembrar a noite anterior?
- Não tem. Aqui é uma padaria e não um bar.
O suco de laranja foi ficando com um gosto cada vez mais ácido, ao contrario de seu sabor adocicado do principio. Tinha que tomar uma atitude. Apenas tendo uma ação para terminar com o que estava sentindo.
- Vou embora para um bar.
Pensara alto. E realmente fez. Terminou o lanche, pagou e foi para o bar mais próximo.
- Oi… Garçom… Traz uma cuba para mim, por favor.
- Pode deixar.
Ele a serve. Ela bebe com a vontade de sair dali, sem ter que dar um passo. Essa vida é complicada demais. E as mulheres mais ainda. Catherine abaixa a cabeça, quando levanta vê o que ela não imaginava para aquela noite decadente de sábado. Uma menina linda, morena clara de cabelos castanhos escuros e lisos. Uma franja caída para o lado. Um jeito de menina bem nova. Vestida de preto com alguns amigos e amigas. Ela ria e seu sorriso deixava Cat completamente encantada e seduzida. Acreditou que aquela menina poderia ser sua. Um de seus amigos estava tocando violão. Catherine se aproximou e perguntou se poderia tocar alguma coisa para eles. Começou a cantar Segredos de Frejat. Enquanto tocava Cat e a menina trocavam olhares. Após terminar a canção a moça sentou-se em outra mesa com a cantora.
- Oi, como você se chama?
- Catherine e você?
- Caroline, mas pode me chamar de Carol.
Após saber o nome da menina, com um ar de brincadeira, Cat começa a cantarolar uma canção.
Carolina é uma menina bem difícil de esquecer
Andar bonito e um brilho no olhar
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que não vou te enganar
Maravilha feminina, meu docinho de pavê
Inteligente ela é muito sensual
Eu te confesso que estou apaixonado por você
- Eu adoro esta musica.
- E eu lhe confesso que adorei te ver. E tudo que a música diz se encaixa como uma luva em você.
- Obrigada. Você também é linda.
- Ah… que isso… Você não é daqui, não, né?
- Não. Sou de São Paulo.
- O que uma gata paulistana está fazendo aqui?
- Vim com uns amigos loucos. Estamos em uma viagem. Queremos conhecer o litoral brasileiro.
- Bom. E o que você vai fazer essa noite?
- Eu ia ficar por aí a toa, amanhã a gente vai seguir o caminho.
- Se quiser passar essa noite comigo.
- Nossa… Você é bem direta.
- Desculpa qualquer coisa… é que…
- Eu aceito.
- Você é maior de idade, não é?
- Tenho dezenove anos. E você?
- Vinte e seis. Eu moro aqui perto. Quer dar um pulo lá?
- Você não vai me matar?
- Não, baby. Matar uma coisa linda igual a você seria o maior desperdício do mundo. E eu não mato ninguém. Só faço carinho.
- Tudo bem. Vou falar para meus amigos ali e já volto.
Carolina falou aos amigos, que não acharam uma boa idéia, mas a menina queria estar lá. Seria mais que uma noite de prazer, seria uma aventura. Elas foram para aquele que é o mais conhecido de todos os apartamentos da cidade, aquele onde mora Catherine. Subiram pelas as escadas se beijando. Paravam quando ouviam um barulho de passos. Depois de meia hora na escada, conseguiram chegar ao andar que desejavam. Cat abriu a porta de sua casa. Elas nem perderam muito tempo. Tiraram as roupas e foi ali, na sala, no sofá. Com janela aberta, onde dava para ver a lua. Elas não queriam saber de parar. E não pararam.
***
Alicia
Saiu bem na hora do beijo. Sempre existe uma hora do beijo. Que antes do beijo rolar uma vontade de ficar mais perto, de abraçar, agarrar, olhar nos olhos e beijar. Aquela hora do silêncio. A hora de dizer mais nada e mergulhar no que está vivendo. Ela perdeu aquele momento com uma das mulheres mais sedutoras que ela já conheceu. Uma sedução silenciosa. Uma sedução de olhar. É como se Catherine tivesse algo que você não escuta, apenas sente. E Alicia teve vontade de sentir a fundo tudo que aquela moça tinha a lhe dar. Mas o telefone tocou e era a mulher que amava. Não poderia trocar o amor pela a sedução. Ou poderia? Ficou com esta dúvida, mas estava chegando. Ia falar com Vanessa.
- Eu amo a Vanessa, mesmo que isso me doa, mas eu amo a Vanessa.
O amor pode doer e ainda estava doendo. Fincado feito uma faca afiada no meio do seu peito. E agora, o que aquela menina quer com ela? Um dia diz o seco “acabou”, que realmente acabara com o seu ar sempre alegre. “Acabou”. Esta palavra ecoava em seus pensamentos. Não sabia como chegar ao encontro de Vanessa. Chegar sorridente? Triste? Séria? Só sabia de uma coisa, o seu coração estava na boca, em suas mãos, ou melhor, nas mãos da sua ex-parceira de vida e de coração.
Tentou sair desses pensamentos. Tentou pensar em Catherine. Forçou-se a pensar em Catherine. Mas a voz de Cat virava o de Vanessa. O quase beijo de Cat virava o beijo ardente de Vanessa. O olhar de Cat era o olhar de Vanessa. E agora ela já via Vanessa parada ali na porta de seu prédio. Deixou de ser apenas um pensamento e se materializou ali. Falou com a moça que ia entrar na garagem. Vanessa entrou no carro e decidiu que ia com Alicia. Na meia escuridão que guarda os carros daquele prédio, as duas saíram do carro já estacionado. Alicia pensou em falar algo, mas não saíra nada de sua boca. Vanessa falou.
- Vamos subir para o seu apartamento.
- Vamos.
O elevador demorou os cinco minutos mais silenciosos e aflitos da vida de Alicia. Sentia o peito apertar. Sangrava por dentro, mas um segundo de esperança apareceu. Pensava que a saudade fizera aquele encontro. “Talvez Vanessa tenha pensado melhor e queira voltar” – pensou em um segundo com uma felicidade contida. O elevador chegou ao andar. Elas entraram no apartamento. Alicia foi diretamente na geladeira pegar água. Vanessa sentou no sofá e olhou para o chão com suas mãos juntas. Não sabia o que fazia ali, só queria estar e ficar naquele ambiente que a conhece tão bem, mas agora parecia querer a rejeitar.
- Mas diga o que lhe fez me ligar.
- Estou tentando te ligar faz tempo, mas você não atende, não responde meus recados.
- Sério? Eu não vi.
- Verdade. Queria saber como você estava. Não só porque a gente terminou que não podemos ser amigas. Quero poder te ver.
- E o João não vai achar ruim?
- Ele não precisa. E não é para achar ruim, pois seremos só amigas.
- É. Está certa. Eu pensei que demoraria mais para a gente se falar.
- Eu amo o João Pedro, mas, eu não sei o motivo, eu não consigo pensar em minha vida distante de você. Eu não consigo deixar de te desejar. E, confesso que liguei, pois eu vi você entrando em um prédio com outra garota. Uma menina desconhecida. Fiquei preocupada. Fiquei pensando em tudo. Fiquei com uma pontinha de ciúmes. Pronto, assumi. Eu quero ter você. Eu quero você. Sentir você.
- Eu não entendo.
- O que você não entende?
- Você disse uma noite atrás que não me queria mais, que tinha acabado. E agora diz que me quer?
- Eu não posso amar um homem e desejar uma mulher?
- É estranho.
- Eu me acostumei com o seu cheiro, com seu gosto.
- Você quer voltar?
- Quero te beijar.
As duas se beijam com a mesma paixão e força de antes. Como se nada tivesse mudado. Em um abraço interminável em que os braços se entrelaçavam em seus corpos. Um beijo também com gosto de saudade. Gosto de vontade de querer mais. Vanessa pára de beijar, segura o rosto da moça e a olha atentamente. Queria seguir adiante que o seu corpo pedia, mas não sabia se deveria trair o namorado com a ex. As duas se olham, se encaram. O desejo gritava para que tudo continuasse, mas a razão gritava que não. Elas voltam a se beijar. As duas vão para o quarto. Não conseguiam pensar direito o que estavam fazendo. Apenas agiam.
Um fogo que ardia em seus corpos e deixava o apartamento inteiro quente. As blusas já estavam ao chão. A cama estava bem próxima. As duas queriam muito fazer amor. De repente, ele, o maldito das horas impróprias dá sinal de vida de dentro do bolso de Vanessa. O celular toca. E ela atende. João Pedro pergunta se ela vai ao cinema com ele. Ela tenta dizer que não, mas ele insiste. Diz que está esperando ela em frente ao prédio dela. Vanessa fica com as mãos geladas. Alicia fica parada olhando para a ex-namorada, sem acreditar que aquela cena repetiu com ela. O mesmo celular que a impediu de beijar Cat, agora parece que vai levar Vanessa embora de sua cama.
- Alicia, minha linda, vamos ter que terminar isso depois. O João está me esperando em frente ao meu apartamento.
- O que você vai fazer?
- Não sei.
- Quer uma carona?
- Sim. Não. É melhor não. Eu pego um táxi. Seria pior se ele ver você. Eu falei pra ele que logo em desço. Eu vou ter que inventar uma desculpa.
- Vai lá. Boa sorte.
Alicia leva Vanessa até a porta do apartamento e se despedem com um selinho. Nunca se imaginou em uma cena dessas. Ser amante de sua ex-namorada. Agora teria que encontrá-la secretamente? O que fazer por um amor? Às vezes pensa em se deixar seduzir por outra. Quem sabe Catherine?
Alicia toma banho e vai fazer uma escultura. Justo aquela que ela quebrou na noite anterior, a nudez sonhada de Vanessa.
***
Bruna
Ela resolve cortar o caminho, assim acabas por não fazer uma parte do mesmo com Monise. Bruna queria chegar logo em casa para tomar um bom e demorado banho, como de costume. Estava contente com a tarde que passar. Encontrou novas amigas que ela poderia confiar alguns segredos. Aquele início de noite não está tão frio como a anterior, pelo contrario, a temperatura até está bastante amena e a brisa suave deixa qualquer um disposto. E o cheiro do mar ainda está dentro de seus pulmões. Sempre gostou daquele cheiro e, agora, mais ainda.
Chega ao prédio. Cumprimenta Waldemar, o porteiro que fala com ela alegremente. Repara em suas maças do rosto que estão avermelhadas e pergunta se ela estava na praia. A menina diz que estava lá conversando com amigas e que aquela tarde foi inspiradora. Waldemar sorri e deseja uma noite tão interessante quanto foi a tarde. Em seguida pega o celular e dá um toque. Bruna entra no elevador. O porteiro fala pelo telefone para alguém que a menina chegou e subiu no elevador de serviço.
O elevador pára ainda nos primeiros andares. Justamente no play. Juan abre a porta. Juan é um amigo de Bruna, só que mais jovem, com quinze anos de idade. Ele fala para a amiga ficar no play. Ela diz que está cansada e que quer tomar um banho. O menino pede pela presencia dela ao local só por alguns minutos, só para ela vê algo maravilhoso. Ela ainda reluta. Ele resolve insistir mais. Ela pergunta o motivo ele chamou o elevador, se não vai usá-lo. Juan dá a desculpa dizendo que não apertou o botão, só estava ali passando quando a viu dentro do elevador parado, o que o levou a abrir a porta. Bruna acreditou.
- Vem Bru. É rapidão. Você vai gostar. Eu aposto.
- Ok. Você venceu, mas bem rápido.
O menino venda os olhos da amiga com as mãos. Ela anda por um tempo com o auxilio de Juan. De repente ele tira as mãos. As luzes estão apagadas. Ela acha o fato curioso e ao ir perguntar o que está acontecendo, Juan não está por perto. As luzes ascendem. Há um pequeno tablado no meio do play. Bruna não está sozinha, vários curiosos estão ali e outros observam pela janela, mas o número de pessoas aumenta quando uma jovem sobe ao tablado e pega o microfone.
- Olá. Boa noite a todos e a todas. Estou aqui com alguns amigos. Vou apresentar eles. Fazendo uma percussão legal, com um luxo de pandeiro, o mais pagodeiro de todos… Rodrigo…
(aplausos)
- Na cuíca o cara que toca em uma escola de samba que eu esqueci o nome, o meu amigo, o seu amigo Vandré…
(aplausos)
- Ele toca uma tal de flauta transversal com um talento que é para poucos. De verdade, tenho que ser sincera. O cara é foda. Ele toca em um grupo de chorinho. Este é o Ricardo.
(aplausos)
- Um grande roqueiro. Sola como ninguém a sua guitarra. Nando…
(aplausos)
- O homem do violão. Toca em tudo que é lugar. Tenho certeza que todos aqui já escutaram ele tocar. O nosso amado Henrique do quarto andar…
(aplausos)
- E é lógico, eu… Cantora de chuveiro mais conhecida do prédio, aliás, da rua… Lígia…
(aplausos)
- Me deixa falar o motivo de tudo isso. Eu juntei todos estes para falar de amor e pedir perdão à uma das mulheres mais lindas que meus olhos tiveram a oportunidade de contemplar… Bruna… Bru, eu te amo.
Bruna está pálida. Não sabe o que fazer. Se deve correr, se mata a Ligia, se bebe água, se chora, se ri… Como Lígia pode fazer algo do tipo em tão pouco tempo. No momento nenhuma palavra consegue sair de sua boca. Apenas olha para o palco. E antes que Lígia continue Juan leva um buquê de rosas vermelhas e amarelas para Bruna com um bilhete de Lígia com os dizeres: “Eu te amo, me perdoa. Você sempre será a minha pessoa preferida”.
Bem… deixa-me continuar. Vou tocar uma canção antiga, porém, linda. Bruna, todas palavras que saírem de minha boca são para você.
Os músicos ensaiados começam a tocar Carinhoso de Pinxiguinha e Braguinha. Inúmeras pessoas agora assistem a maior e mais linda declaração de amor que assistiram na vida.
Meu coração, não sei por que...
Bate feliz quando te vê...
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Mais mesmo assim... Foges de mim...
Cássia chega e se aproxima, espantada, de Bruna.
- Eu não acredito que ela teve coragem de fazer isso.
- Também não.
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem...
- Meu Deus! O que eu faço? – diz Bruna olhando o céu e com os olhos cheios de lágrimas.
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz...
Serei feliz...
Meu coração...
Todas as pessoas aplaudem ao fim da canção. Alguns emocionados pedem bis. Cássia olha para Bruna, que chora de emoção e nervoso. Todos sabem agora sobre a sua orientação sexual, sua briga com Lígia e outros descobrem o termino da relação de Cássia e Bruna.
- Bruna, você vai acreditar nessa louca? Você sabe que ela é exagerada. Eu te amo e te amo de verdade. Nunca que eu faria isso para expor a nossa relação. Mas eu te amo. Acredite em mim.
- Eu não sei que é a mais louca. Você, ela ou eu. Você quer que eu acredite em suas palavras, ela nos gestos e eu ainda dou atenção a vocês duas.
Lígia desce do tablado e vai até Bruna.
Lígia: - E aí? Vai me perdoar?
Bruna: - Acho que ninguém me emocionou tanto assim na vida. Estou chorando, de pernas bambas, sem saber direito o que estou falando. Ai, Lígia. Por que você fez isso comigo?
Lígia: - Quero demonstrar todos os dias que sinto por você.
Cássia: - Menina, você é cara de pau. Me agarra e acaba com o meu namoro de cinco anos com a Bruna e depois vem falar de amor?
Lígia: - Eu amo a Bruna. Você foi uma tola em perdê-la.
Cássia: - A culpa foi sua.
Bruna: - Parem com isso. Quando uma não quer, duas não beijam. As duas erraram. E, por favor, eu vou para casa e não quero mais ver vocês tão cedo.
Lígia: - Cara, eu te amo.
Bruna: - Quem sabe um dia eu te perdoe. Achei tudo lindo. Amei a música, a surpresa, as flores. Mas ainda é tudo recente. Deixa-me pensar um pouco.
Bruna vai para casa, joga as flores na mesa da sala de jantar. Toma banho, chorando. Depois de se vestir joga seu corpo na cama aos prantos. Precisa chorar para aliviar a alma e diminuir a raiva e a magoa que sente.
***
Monise
Começou a andar por aquele, estranho, conhecido caminho. Há muito que não passava uma tarde conversando. Por algumas horas, deste sábado amistoso, fez-se novamente presente a palavra amizade. Desde Fred não sentia isso. Uma pontinha de felicidade estampou em seu rosto com uma aparência rosada causada pela luz solar.
Andava na calçada da praia. Podia atravessar a rua, como sempre fez, para não ficar perto da areia. Ela nunca gostou muito de praia. “Existem muitas pessoas felizes na praia”. E hoje esteve lá com três garotas bonitas e divertidas. Pena que a felicidade não pode ser plena. Uma alegria completa. Tudo parece faltar um pedaço. Um pedaço dela. Uma parte arrancada de seus olhos, que já foram contentes, mas que conseguiram esboçar uma alegria corriqueira naquela tarde.
Passou em uma banca de jornal, comprou um maço de cigarros e saiu fumando. A fumaça tentava jogar para fora o que sua mente mantinha presente a cada instante. Mas desejava algo mais forte. A sua alegria começou a ri embora. O fato de estar na rua a deixou um tanto aflita. Sentimento que crescia. A noite dava a sua cara nas primeiras horas.
Antes de chegar ao prédio onde mora discou números familiares e ficou na portaria fazendo hora. Meia hora depois ela vai de encontro a um rapaz de jaqueta e calça jeans e camisa branca. Cabelos escuros e curtos, pele bronzeada e barba por fazer. Ela entrega algo a ele e recebe um pequeno pacote. Tão pequeno que pode guardar no bolso sem fazer muito volume. Pega o elevador que também estava sendo aguardado por uma senhora e um rapaz que tinha por volta de 18 anos que segurava um cachorro. Com a aproximação causada pelo pequeno espaço do elevador o cão começou a cheirar a menina e a latir. Ela, que estás com pressa, fica com raiva do animal e pede para o jovem controlar o bicho. O garoto não entende a atitude de seu animal de estimação e aproveita a situação para puxar assunto. Monise, que bate o pé esquerdo no chão, pela a sua agitação, corta o papo do rapaz, sai do elevador e entra no apartamento ignorando a presença de seus pais, que assistem TV. Chega ao seu quarto e se tranca. O pai vai ao quarto da filha e bate, tendo com resposta palavras simples e duras:
- Não enche! Quero ficar sozinha!
Do pequeno pacote tirou um pouco de um pó branco e colocou em cima da caixa de um CD do Coldplay. Fez uma carreira perfeita. Fez com um papel de propaganda de uma loja de roupas, que estava no bolso de sua calça já um bom tempo, um canudo e cheirou tudo aquilo. Sabia que não era certa a sua atitude, o seu ato, mas acreditava na necessidade.
Começou a escutar a canção daquele mesmo CD, In my place. Monise ama esta canção. Continuou aspirando todo aquele conteúdo, que parecia, por um instante que não tinha fim e ao mesmo tempo, que era de quantidade insignificante para a sua necessidade. Até, que de fato, terminou. Deitou em sua cama, ascendeu um cigarro e olhou para o teto. Levantou e pegou um de seus punhais e não se cortou. Resolveu usar o cabo do punhal escolhido para se masturbar. Uma mão segura a lâmina cortante e a outra toca em seu clitóris com o intuito de se estimular sexualmente. Gozou um gozo sem graça após uma hora. Sua mão, que segurava a lâmina sangrava, mas ela não sente nada. Tira o punhal de dentro de si e joga ao lado. Estava nua da cintura para baixo e vestida da cintura para cima.
Ficou deitada manchando os lençóis de sangue, sem saber das horas. Perdera a noção do tempo a muito tempo, como também perdeu a noção da dor. A alma dói muito mais que o corpo.
***
Luciana
Após a despedida, ainda andou um pouco em companhia de Barbara. Riam, riam e riam… Faziam planos para os jogos que iriam disputar. A Babi joga vôlei e Basquete e Lu optou que no campeonato só ia jogar só futsal e vôlei. Era baixa para vôlei e ainda mais baixa para o basquete, uma de suas paixões. Sua amiga tem um metro e oitenta e sete, oito centímetros a mais que Luciana.
Barbara se despediu e foi embora. E o medo – moleque de chegar a casa de Luciana a tomou por inteira. Estava de castigo, mas desde manhã na rua. Pensou em todas as desculpas esfarrapadas que poderia vir a usar, mas sabia que no fim nada adiantaria e terá que ouvir as palavras duras de seu pai. Respirava fundo. Os pais deveriam estar achando que ela podia ter fugido de casa. Já está próxima ao prédio, quando vê a luz no fim do túnel: Gustavo.
- Gugu, meu amor. Você me apareceu como um anjo.
- Onde você estava, garota? Seus pais me ligaram hoje de manhã atrás de você?
- Você falou o que?
- Que não tinha te visto ainda.
- Eu estou de castigo e saí para correr de manhã, depois fiquei conversando com umas amigas e após isso joguei vôlei com a Babi. Perdi a noção da hora.
- É… eu te conheço.
- Ajuda aí, meu amor.
- Como?
- Não sei. Fala que passei a tarde com você.
- Tá! Pode dar certo.
- Eu te amo, meu gato.
- Mas você terá que passar umas horas comigo. Meus pais saíram. Não vão voltar tão cedo.
- Tudo bem. Estou com saudade de você, Gugu.
Eles subiram ao apartamento de Gustavo. Ele a levou ao seu quarto e começaram a conversar. O rapaz está alegre e ela lhe pede um copo d’água. Ele volta com a água da namorada, um copo vazio para ele e uma garrafa de vinho tinto. Ela toma a água rapidamente e os dois começam a tomar a outra bebida e a falar sobre vários assuntos. Já tinham muita intimidade. Antes de começarem a namorar eram amigos.
Começaram a lembrar de momentos divertidos na escola. Um professor estranho que usa meias diferentes. Um colega que faz piadas. A própria Luciana adora ser a “comediante” da sala. Ele sempre foi um pouco mais sério, mas adora dar risadas e quando a turma entra no clima Luciana, os professores não agüentam a loucura que aquilo se torna.
De repente ele a beija de surpresa. Um beijo com sabor de vinho. Colocaram os copos e a garrafa no chão. Gustavo estava com seu corpo em cima ao de Luciana. Os olhos dos dois brilhavam.
- Lu, você quer?
- Quero.
Foram se despindo lentamente. Gustavo sempre foi carinhoso com Luciana. Os dois perderam a virgindade juntos, antes mesmo de começar a namorar. Quando, ainda amigos, sentiram o desejo de se tocarem e se sentirem. Após a primeira vez decidiram namorar. Ela tinha quinze e ele dezesseis.
As bocas não paravam de ser tocarem. As mãos agitadas faziam caricias e despiam os corpos um do outro. Ela queria muito sentir o seu namorado dentro dela. A química que há entre os dois sempre foi muito forte. A nudez daqueles corpos jovens e belos poderia ser usada como inspiração de esculturas e pinturas de tão lindos que eram. Eram belos individualmente, porém, juntos, eram magníficos em tanta beleza. Uma mistura de Adônis e Afrodite, o deus e a deusa grega da beleza. Ele também pratica esportes, o handball e basquete. Corpo sarado e bronzeado. Beijavam-se e só param um instante para Gustavo pegar uma camisinha. E após, com ajuda da namorada, penetra devagar, mas já causa gemidos a moça.
Ele puxa os cabelos da amante-amiga lentamente enquanto faz movimentos com o quadril. Gustavo senta e ela de pernas abertas fica por cima de seu colo e é ela agora que controla os movimentos, com os braços na cama. Ele tem seus braços entre o corpo da moça e a boca em seus seios. Os movimentos são lentos e prazerosos. Luciana, com o seu corpo inclinado para trás usa a força de braços e pernas para sentir melhor a penetração, que vai fundo dentro dela. Gustavo é bem dotado. Luciana insaciável.
Ele pára de beijar os seios e geme. O prazer que sente é gigantesco, do tamanho de sua virilidade e desejo. Ela aumenta a velocidade, assim os gemidos também ficam mais freqüentes e altos.
Gustavo a muda de posição. Ela deita e ele de joelhos entre as penas da amada. Com as mãos nos seios aumenta ainda mais a força e a vontade de ir dentro de Luciana. Ele coloca agora suas grandes mãos na cintura da garota. A velocidade agora é de fazer a Lu quase chorar de prazer. Seus gemidos são deliciosos de ouvir, o que o excita ainda mais, porém, Gustavo não quer gozar, para que a sua parceira tenha mais tempo de prazer.
Os dois se conhecem muito bem. Sabem como causar prazer um ao outro. Ele sabe como tocar em sua namorada e ela sabe do que ele gosta. Ele deita seu corpo suado sobre o dela e usa as pernas e cintura para se pôr dentro de Lu.
Ele diz que logo irá gozar. A menina os levanta, coloca o rapaz sentado, senta de costas no namorado. Ele penetra em seu ânus e coloca seus dedos entre as pernas da menina. Luciana geme ainda mais e ele sente que pode gozar junto com a garota. Com as mãos, Gustavo faz Luciana delirar e o rapaz goza na camisinha.
Eles deitam. Ele tira a camisinha e joga fora na lixeira. Estavam cansados, exaustos, porém contentes. Os corpos tomados pelo suor. Os sorrisos estampados nas duas jovens faces.
- Cara, eu te amo.
- Eu também, minha linda.
- Muito bom ficar com você, mas tenho que ir para casa.
- Eu te levo e digo que nós saímos juntos e depois assistimos alguns DVDs aqui.
- Tá legal. O problema é que eu não estou com vontade de ir embora.
- Nem eu quero que você vá.
Os dois se beijam.
- Vamos, amor, se não meu pai me mata.
- Vamos.
Os dois se levantam e vestem as roupas. Bebem mais um pouco do vinho e se calçam para irem para o apartamento de Luciana. A jovem vai ao banheiro e molha o rosto para tirar o suor. Saem da casa de Gustavo, entram no elevador e sobem quatro andares param irem enfrentar os sogros de Gustavo.
Luciana está apreensiva. Gustavo idem. Ele toca a campainha. A mãe de Lu atende. O menino diz a história que ficou combinada. Eles ficam zangados pelo fato de não ter ligado, mas a presença de Gustavo ajuda a menina não ouvir gritos dos pais. O rapaz fica ali mais um pouco e vai embora. Luciana vai dormir.
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Desculpem se houver erro de formatação. Esse blog hoje está me estressando. Se não tivesse vocês, minhas 17 leitoras, juro que já havia largado mão. Estou quase contratando alguém para postar para mim. Enfim, espero que gostem da leitura. Beijos
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